quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Será que...?

Certa noite num dia que não sei precisar do ano de 1976, regressava a casa depois de ter tocado numa matinée/soirée deveriam ser entre as 2 e 3 da manhã tinham-me deixado no largo da Câmara Municipal da Moita de onde fui a pé até minha casa onde chegaria depois de passar também por um caminho de terra batida onde não existia qualquer tipo de iluminação, quando me aproximava desse caminho que vulgarmente é chamado de azinhaga, apoderou-se um medo terrível de o enfrentar e quando já pensava seriamente em voltar para trás e ficar-me pela vila esperando pelo nascer do sol, eis quando se aproxima de mim um cão branco mas, de um branco que ainda hoje não me recordo de ter visto tonalidade igual, o animal colocou-se á minha frente e foi caminhando em direcção a minha casa olhando sempre de soslaio para se certificar que eu o seguia, sei que o medo desapareceu e lá cheguei a casa onde deixei o animal na garagem e fui dormir. Quando acordei a primeira coisa que fiz foi dirigir-me á garagem para ver o cão mas já lá não se encontrava, perguntei a minha mãe que me disse não o ter visto, ainda hoje me pergunto o que ou quem era o animal, meu pai tinha falecido á pouco tempo, ainda hoje me questiono se não seria Ele o meu anjo da guarda que sentindo os meus medos me veio ajudar a ultrapassa-los, sempre acreditei que foi algo para alem da minha compreensão que me deu a mão para eu seguir em frente, fazendo-me acreditar que nunca deveria recuar perante adversidades, por mais vezes me senti guiado por algo que não entendo.
Talvez um dia tenha o privilégio de entender o que está para além da minha compreensão, embora acredite que algo está para lá do que consideramos real…
Como disse Fernando Pessoa:
A meio caminho entre a fé e a crítica está a estalagem da razão. A razão é a fé no que se pode compreender sem fé; mas é uma fé ainda, porque compreender envolve pressupor que há qualquer coisa compreensível.

4 comentários:

Anónimo disse...

E ppor q não? há mais mistérios entre os céus e a terra que nossa vâ filosofia.

Luis Miguel Inês disse...

João Cercas gostei muito do que escreves nesta publicação.Um abraço

Anónimo disse...

Gostava de ver esta história publicada no Talentos à Solta. Sabes na vida não procures respostas para tudo o que te acontece. Aconteceu... e por isso os mais novos ficam admirados, com o passar dos anos determinadas posições nossas, se vão alterando. Os velhos não estão doidos. Os velhos o que viveram, permite-lhes agora ter uma ampla visão em que a dúvida por vezes se instala. Um abraço!

C.N. disse...

Esta eu tive o privilegio de ouvi-la pessoalmente. Parabéns está muito bem escrita!